quarta-feira, 15 de agosto de 2012

um troço


Aí me ataca uma insônia, uma súbita distração olhando pro nada, uma inquietude no peito dizendo liga-não liga-liga-não liga, enjou, a velha loucura compulsiva que me leva a fazer besteira e por fim a minha única curiosidade é se, às vezes, você pensa nisso como eu penso, com essa delicada agonia no coração...

O drama de Bibia contado por mim...


Talvez o maior defeito de Bibia no momento seja amar demais. Não que o objeto amado não mereça tamanha fascinação, mas por uma questão de saúde mental: amar demais é desesperador.
Ama, ama, ama, ama muito. Ama demais. Não há limite nisso. E na mesma proporção que esse amor a faz feliz, ele também a sufoca, como tudo o que é excessivo. Desaprendeu a dizer não, não sabe mais o que é um piti, não se lembra qual foi o ultimo dia que fez prevalecer a sua vontade... Mudou completamente sua conduta, mas nada forçado, tudo de modo natural e feito por ela e sua intuição. Está irreconhecível, e confessa que em nenhum outro momento passado na vida, se viu numa situação de tamanha devoção a um ser humano: sente-se babaca por sentir esse amor incondicional.
Não consegue mais pedir algo, nem fazer um convite, pois sempre acha que estoá incomodando. Evita ligar, pois sabe que ele não gosta de atender o telefone. Não discorda de suas idéias, e com isso tenta sempre ver a razão dos pensamentos dele. Não fala mais das suas frustrações e medos, sabe que ele não tem mais paciência para os problemas dos outros, ou pelo menos para os dela. Até quando ele pergunta se está tudo bem, ela tenta disfarçar a cara de enterro, coloca um sorriso no rosto, e tenta amenizar o clima de chatice que estava no ar.
Ciúme. Este já deve estar com saudade das suas indagações. Não expõe mais, não pergunta nem faz birra. A ultima vez que o sentiu e tentou falar, recebeu costas como resposta. Chorou, quis morrer, achou uma falta de respeito e consideração, e ainda sim, foi atrás e pediu desculpas por estar enchendo o saco dele com ciúmes infortúnios e inoportunos. Desde então, tem sempre colocado este antigo instinto no bolso e engolido cada gota de ódio que sente quando sabe de toda a verdade que não é claramente exposta.
Recebe muitos carinhos, e isso a fortalece. Às vezes, ele pára do nada, e diz ser louco por ela. Outra hora, ele observa o seu olhar, e fala palavras doces que a enchem de ternura. E mesmo no meio de tantas brincadeiras e horas quaisquer, ela sente que é amada, sente que ele gosta de estar com ela, mas, sempre si pergunta até quando, e olha as horas como se fosse a ultima vez. De um certo dia para cá, pegou o hábito de dizer que ele é a sua vida. Tem absoluta certeza que não entende a veracidade do que é isso. Tudo o que pensa para si e pro futuro, pensa a dois. Desde que acorda, ele é a primeira pessoa que vem em seu pensamento, e imediatamente, pede que uma força superior que esteja ao alcance dele, o proteja e o faça feliz e bem. Passam as horas do dia, e ela continua intercalando seus afazeres com o pensamento nele. E enfim, ao se deitar, antes de adormecer, conversa com alguém sagrado e divino, suplicando sua benção e proteção para esse alguém que tanto, tanto ama. Pensa que perdeu todo valor próprio, e passou a supervalorizar o ser que a foi dado a cuidar e amar, independente de defeitos e merecimentos.
Na minha nada humilde opinião, toda mulher precisa de alguns mimos, como prova de que é amada. Na verdade, esses mimos não provam nada, e podem ser feito até mesmo sem amor por qualquer um. Descobri que existe um sentido absurdamente óbvio nisso. Exemplo, quando a mulher recebe flores de um homem, se este não a cativou de maneira especial, ela jamais dará o devido valor e carinho àquelas flores mesmo que sejam rosas, bem como se ela o amar, se ele for o grande amor de sua vida, ainda que a flor seja de uma calçada qualquer no caminho de casa, ela consagrará aquela plantinha,  e provavelmente a colocará dentro de um livro especial, e nunca se desfará daquele momento simbólico, em que foi presenteada pelo amor.
Bilhetinhos escondidos na bolsa, café da manhã na cama, mensagem na madruga – isso tudo é fantasia de novela das oito. No entanto, não posso negar que uns carinhos desses fariam muito bem à Bibia, naqueles dias em que se sente o lixo do deserto mais esquecido do mundo. Do jeito que ela vem pensando que ele é muita areia pro seu caminhãozinho, acho que se isso acontecesse com a coitada, ali mesmo teria uma taquicardia e cairia dura na frente dele. Brincadeiras a parte, Ela vem mesmo se sentindo como um bichinho do mato, que não tem cacife suficiente para andar de mãos dadas, sair para festas, ser fotografada ao lado dele, declarar o seu amor publicamente... Pensa que o envergonharia muito, e evita dar corda para essas suas carências.
E assim vai seguindo a tola e linda Bibia - amando demasiadamente um ser que diz também amar, mas que não tem a mínima noção da dimensão do amor que sente, nem tampouco das loucuras que é capaz de fazer movida por esse sentimento exageradamente insano e ínfimo.

 

quarta-feira, 18 de julho de 2012

É isso, só pode...


Quando a vontade de ficar junto é muito maior do que a vontade de comer;
Quando a vontade de ouvir a voz é muito maior do que a vontade de matar a sede;
Quando a vontade de sentir o cheiro é muito maior do que a vontade de respirar;
Quando a vontade de beijar é muito maior do que a vontade de dormir;
E quando a vontade de ser a pessoa que faz toda diferença na vida Dele é muito maior do que a vontade de simplesmente existir... Aí sim, acho que é o tal amor incomodando.


Nada é tão ruim...


Esse mês ela chegou daquele jeito! Não se conformou em me arrasar por dentro, então, fez um estrago por fora. Destruiu cada gota de auto-estima que ainda habitava em mim, e ainda por cima, me fez procurar coisas infelizes que infernizaram a minha mente o dia inteiro. Quer saber, com uma TPM dessa, eu não preciso de faturas de cartão de crédito pra acabar com a minha vida.


terça-feira, 3 de julho de 2012

desde o tempo...


Agora vou te ensinar uma receita do tempo da minha avó. Pegue uma balança e coloque tudo o que faz parte da sua vida. De um lado coloque as coisas que você tem, e do outro, coloque somente quem você tem. Feito isso, veja o lado que mais pesa. Não pense duas vezes, valorize quem está com você nas horas, nos dias e nos lugares que for. Olhe nos olhos de quem quer e faz de tudo pra te ver bem e sorrindo, ou quem te enxuga as lágrimas quando fica difícil segurá-las. Roube uma flor no caminho de casa, e entregue àquela pessoa que faz sua rotina louca ter sentido. Um simples gesto, às vezes, pode ser tudo ou a ultima coisa que você poderá fazer para aquele alguém que tanto ama e cuida de você.

Bilhetinho


Bom dia, querido!
Você chegou tão tarde ontem, que não deu tempo de te contar que vou viajar hoje, na verdade já estou saindo. Não é uma viagem planejada, mas acredito que vai ser inesquecível. Não sei, também, quando volto, nem se volto. Dependendo da minha paixão pela cidade que estou indo conhecer, ficarei por lá mesmo. Deixei seu café na mesa. Não coloquei sua roupa para lavar, nem paguei as suas contas, como me pediu, e agora você terá que fazer isso sozinho. É bem fácil, tenho certeza que vai aprender rapidinho. Se por acaso não aprender, na minha ausência, encontre outra pessoa que faça por você as coisas que eu fazia. Como você mesmo diz, qualquer um pode cuidar de você, não há nada de muito especial nas coisas que eu te faço com amor. Se um dia você sentir saudade, não pense duas vezes, pode me ligar a hora que quiser. Não garanto atender, mas vendo a chamada perdida, eu retornarei na hora que possível for. E nunca pense que estou partindo com rancor, jamais. Eu só fiquei aqui até hoje, por vontade própria. Você nunca me abrigou a ficar, pelo contrário, manteve a porta sempre bem aberta pra eu sair quando quisesse. Nunca fez questão de fato que eu permanecesse aqui. Em momento algum deixou em evidencia a necessidade da minha presença, e somente ontem eu percebi isso. Por isso, também, a decisão foi em cima da hora de ir embora. Vou ficar te devendo um abraço de despedida. Quem sabe um dia? Se cuida, João, pois não mais estarei pra te cuidar.




Paciência


Calma, amigo. Segura bem firme na mão de Deus e vai. Ela está cega e completamente tomada pelos equívocos de tanta vida, de tão pouca vida, de tão pouca esperança. Eu sei que não está fácil pra você, mas espera. Também conheço esse seu jeito de não ter paciência com tempo, mas chegou a hora de ter.  

Passatempo

- Mãe, neste natal, quero de presente o relógio da vida.
- Para que, filha?
- Preciso atrasar uns 15 anos, ou avançar uns 10. Porque agora tá foda.


quarta-feira, 27 de junho de 2012

Eu fico! =x


Dá licença? Eu não quero viver tudo o que eu vivi com você, com outra pessoa. É você que me faz rir de besteiras, e, provavelmente, se outra pessoa me contar uma piada sua, eu vou mandar ela calar a boca! Não quero que ninguém mais deite do meu lado e me deseje boa noite, nem acorde comigo, sorrindo, me desejando um bom dia. Não quero me acostumar com o cheiro da pele de ninguém mais, é o teu cheiro que ficou marcado aqui nos meus apelos mais insanos. Espero que ninguém venha dividir comigo sonhos e planos para o futuro, porque, na boa, eu já tenho os sonhos que você me mandou guardar, e os nossos planos já estão quase encaminhados, eu só estou esperando uma coisa pra seguir em frente com eles: VOCÊ. Cozinhar? Não vou pra frente do fogão preparar alimento, se a fome que irei matar não for tua. E nem vem com essa de filhos. Meu sonho foi, e sempre será ser mãe, mas desde que a gente compartilhou dessa aventura, é com a tua cor, olhos e traços que eu quero ver os meus filhos crescendo. É em você e com você que eu deveria ainda estar. Quando você vai entender que desde que nos vivemos, me apaixonei e me perdi e perdida eu ainda estou? Rasguei o meu mapa desde lá... Quero ficar aqui, seguindo os meus instintos mais selvagens, mas tocando a minha vida. Parada aqui nessa janela, pra ouvir teus passos voltando e dizendo que sou eu.



quarta-feira, 6 de junho de 2012

Desabafos do diário da Anna ep. 4


Preciso escrever tudo o que aconteceu antes que eu apague e durma feita a bela adormecida. Tomei muito vinho, e talvez esqueça a seqüência real dos fatos. Mas vou tentar escrever minuciosamente o que eu vivi hoje com aquele Deus grego.
O broto chegou de moletom. Já começa acabando com a minha raça a partir daí. Quando eu abracei, senti que ele estava usando perfume cítrico. Quase tiro a minha roupa ali mesmo, mas não quis fazer a linha ‘quero te dar’. Então só fiz aquela cara de ‘u-au’, e entrei, mostrando os cômodos da casa, onde ele poderia se espalhar e ficar a vontade. Tirou as sandálias – de couro – e disse que a minha casa é uma graça, que se sente bem ali, pois tem uma energia muito boa. Enquanto ele falava, eu só conseguia pensar no perfume e nos pés, lindos, descalços.
Ele continuou conversando, mas eu de fato estava muito distraída, então interrompi, perguntando sobre as musicas e tal. Pediu uma taça de vinho, acendeu um cigarro, abriu a mochila e começou a tirar milhares de cd’s, espalhando tudo pelo sofá pra finalmente encontrar a playlist que ele tinha preparado para aquela noite. Entreguei a taça dele, e me apoiei no balcão que separa a cozinha da sala. Ele sentou em um dos bancos que ficam neste balcão, e ficamos conversando por horas sobre cinema, poesia, filosofia, família, grana, amigos, relacionamentos antigos, livros, voltamos aos poemas, e depois ele fez um gesto com a mão, como se eu estive com um pouco de vinho queixo. Tomou o meu rosto, delicadamente com seus dedos, aproximou os olhos dos meus, e olhou fixamente para os meus lábios. Eu larguei a taça no balcão, e o beijei.
Nos beijamos por longos minutos, mas parecia que o desejo só crescia de beijar, beijar e beijar ainda mais... Como se o beijo tivesse se encaixando perfeitamente naquela primeira vez, e desde então, não conseguíamos mais largar um ao outro, pois na nossa mente, não poderíamos perder aquela magia física e química que nos envolvia numa batida perfeita. Até a musica entrou na hora exata, no momento do melhor beijo da minha vida.
Acordamos do beijo ao mesmo tempo, e nos olhamos assustados, sem entender o que aquilo significava. Ele saboreava os lábios como se estivessem doces. E eu não sabia se olhava em seus olhos, ou sua boca. Ele não me abraçou, que bom. Pelo contrário... Me levantou com facilidade pela cintura, e me colocou em cima do bendito balcão. Olhou novamente em meus olhos, e voltou a me beijar desesperadamente. Mas desta vez, eu não fiz o mesmo, eu fiquei de olhos abertos, olhando aquela cena... E ele não percebeu. Estava envolvido demais naquele lance doido, único. Fechei os olhos, e acompanhei o seu beijo, mas diminuindo o ritmo, pra não ficar mais confusa do que já estava.
O cd acabou, e ainda ficamos uns minutos, parados. Admirando o encanto que estava se fazendo notoriamente naquela noite. O relógio já marcava dez horas e dezesseis minutos, e eu tendo que acordar cedo no dia seguinte, não pude dar continuidade nesta noite linda e mágica.
A hora de ir embora foi diferente. Não conseguíamos falar nada um para o outro, apenas nos olhamos sem entender, e ele disse: - Posso vir aqui amanhã? Respondi na lata: VENHA!
Agora vou dormir, e espero sonhar com a continuidade daquele beijo.

 

Não quero brincar mais não!


Não sei se é por causa do meu signo, não sei se é genético, não sei se um dia vou me curar desses meus defeitos insuportáveis... Fato é que eu tenho um certo sucesso para me dedicar intensamente às novas experiências da vida. E, geralmente, essas novas experiências são amorosas, e me fazem perder a cabeça em um lugar muito distante, de modo que eu não consigo acordar tão cedo do sonho, e acabo acreditando, de fato, que sou vivendo a ultima e eterna historia de amor da minha vida.
Parece engraçado. Até eu mesma dou risada da minha própria desgraça. Quando parece que eu estou entrando no barco certo da vida, vem o idiota do amor, e me puxa pro mar. Não é segredo para ninguém que me conhece, que o mar é o meu maior delírio. Sou completamente apaixonada por ele. Nele, eu me sinto vivendo todos os sentimentos lindos ao mesmo tempo: amor, paixão, realização, paz, eternidade... O mar é meu refúgio.
O amor, sabendo disto, me puxa sempre para lá. E é obvio, que quando estamos envolvidos simultaneamente aos melhores sentimentos e melhores sensações da vida, não queremos voltar à vida real. Pelo menos eu, no estado drogado pelo amor, não quero saber de outra coisa. Minha busca pela droga é diária. Sinto necessidade de estar todos os dias entorpecida por aquele que me roubou os sentidos. Em outras palavras: o amor atrapalha a minha vida real, é a pior droga que existe na minha vida.
Caindo nesta dura realidade, tenho e tento hoje fugir desse sentimento louco. Que sempre me vem em doses exageradas. Como se eu não tivesse outra coisa pra fazer da vida, apenas amar, amar e amar. Isso pode parecer um absurdo, e as pessoas podem achar que eu estou exagerando, ou que eu posso controlar essa minha fissura, mas não dá. Quando eu amo, o que poderia acontecer em três décadas, eu aconteço em um dia! Talvez, por isso, por ser tão diferente e intensa, ninguém, até hoje, conseguiu acompanhar o meu ritmo.
Não estou dizendo que não quero mais amar. Eu já estou segura dentro barco agora. E pelo menos, o amor não está me puxando. O problema é que eu não posso mais amar. Não tenho mais tempo pra isso. Pelo menos, não nos próximos dez anos. Preciso parar de amar o outro, para aprender a amar a mim mesma, a minha vida, e o meu destino. Preciso, com urgência, amadurecer e ser gente grande. Sem sentimentos. Sem raízes. Sem loucuras. Sem amor.
Parece dramático isso de viver sem amor, mas não é. Isso não é uma verdade absoluta, é apenas uma suplica ao universo, que ele não conspire mais a favor desse sentimento bagunceiro. Preciso agora sentir outros prazeres que a vida pode me oferecer. Posso contar com você, universo? 

terça-feira, 5 de junho de 2012

Desabafos do diário da Anna ep. 3


Advinha quem eu vi hoje, assim que saí pra molhar minhas amigas verdinhas? Sim- O bofe que me trouxe em casa ontem! Estava do lado de fora, com uma sacola de pão na mão, como se estivesse mesmo esperando eu aparecer só pra dar um tchauzinho e desejar bom dia. Tudo bem que eu ainda estava de pijama, e nenhuma mulher gosta de ser surpreendida pelo gato num momento despreparado como este, mas como meu dia poderá ser diferente de bom, depois de ver aquele sorriso lindo dado a mim de coração? Quase mato a samambaia afogada, coitada. Rs
Então entrei pra tomar meu banho, café, me arrumar e ir pro trabalho. Cheguei ao ponto de ônibus do meu jeito típico: procurando coisas na bolsa, casaco amarrado na cintura, cachecol no braço... Cabelo ainda desajeitado, porque me arrumo mesmo dentro do busão. Quando o ônibus chegou, eu subi, lógico, e enquanto passava na catraca, ouvi uma voz vinda do lado de fora, pedindo pro cara esperar - sobe o Deus grego, também desajeitado, livros e mais livros na mão, mochila aberta... Será mesmo o meu príncipe encantado?
Fingi que não tava vendo, claro. Não queria dar a entender que eu queria que ele sentasse no meu lado, mas procurei uma poltrona com duas vagas desesperadamente, e comecei a dar o acabamento no look trampo. Então ele me chamou de vizinha, e perguntou se poderia sentar ao meu lado, e eu, simpática que sou, falei confiante que sim, e que ele não precisa mais de formalidades para falar comigo, nem de pedidos antes de tomar uma atitude bacana, pisquei e ri no final também pra não ficar climão bronca.
Ele percebeu que eu, assim como ele, sempre saio de casa vestida pela metade, e termino de me emperiquitar no caminho. Rimos por horas com isso, compartilhando os casos mais engraçados que já vivemos por causa dessa nossa mania nos ônibus, viagens, e tudo enfim que tínhamos de historia sobre o tema “desajeitados por vida”.
Perguntei pra onde ele estava indo assim tão em cima da hora, ele disse que pra faculdade. Que legal, faculdade de que? PSICOLOGIA –MESTRADO. O bofe é psicólogo, querido. Assim depois da transa, posso contar meus problemas ali mesmo na cama... Um divã sexual, talvez. Rs... Tão cedo pra eu estar pensando em sexo, geralmente eu tento me convencer sobre o quão bom pode ser o beijo. Se bem que é impossível o beijo dele não responder a altura. Que bom que desta vez eu estou analisando todas as possibilidades antes de me envolver, porque eu sempre caio de olhos fechados amando cegamente para sempre...
O babado do dia é que ele se convidou a me mostrar um material que ele tem, de musicas atuais que não ouvimos em qualquer lugar. Papinho de musica pra cima de mim: me ganhou, broto! Aí eu disse que chego em casa mais ou menos às seis e meia, e que devo sair para correr um pouco, como de costume, chegando em casa sete e meia... Fazendo tudo que tenho pra fazer, ele pode chegar às nove. A criatura perguntou se poderia levar um vinho e um fumo, daí a Janis Joplin aqui respondeu: tenho os dois, se a prosa hoje for boa, você traz na segunda rodada...
Se prepare, querido diário, essa noite de segunda-feira promete. Amanhã te conto tudo!  

'Eu me acerto, eu tropeço e não passo do chão'


Abrir os olhos pela manhã é sempre voltar ao mundo real, é acordar do sonho, é ter algo pra fazer. Junto com a preguiça, os pensamentos também começam a se orientar e nos informar o que aconteceu na noite passada, o que deve ser feito aquele dia e uma serie de coisas que fazem parte na nossa rotina. Pois bem, hoje eu acordei exatamente querendo voltar pra cama e ao sonho que me fazia bem. Mas não deu, tive mesmo que LEVANTAR.
Ao pé da letra: subir, crescer, ser somente eu e para mim. Aquele gosto de saudade querendo tomar conta, pensamentos querendo voltar atrás, dedo no celular pra ver se algo mudou. Mas não, nada mudou além de quem eu sou de hoje em diante, ou tentarei sei. Preciso ser forte, mas do que fui em qualquer situação passada. Madura, nada de sentimentos ou prazeres que me façam regredir. Centrada, não devo mais olhar pra trás nem pros lodos, agora é foco. Não posso, sequer, me permitir uma peraltice boba, sabendo desse meu sucesso a falta de freio.
Eu me senti diferente hoje não só nas vontades, nos sonhos e etc. Me senti outra mesmo, sinto que não tenho mais os direitos que tinha, nem as regalias, assim também como posso tudo o que quero, que faça parte ou não atrapalhe o plano. O pior é que esse plano não era pra um, e agora terei que carregá-lo sozinha. Sei que darei conta, ou pelo menos vou tentar, embora ele seja um tanto pesado. Enfim, já disse que devo ser forte, e já estou sendo.
Confissões de hoje: difícil olhar no espelho, abrir a porta da rua, atender ao telefone, não se deixar levar pelos pensamentos... É como o primeiro dia de trabalho pra qualquer pessoa, eu fiquei e estou ainda um pouco perdida, mesmo estando em casa, fazendo tudo o que eu já fazia há muito tempo. Quando a gente muda o interno, o externo torna-se novo também. Posso falar? Está sendo um barato olhar para as coisas com uma nova percepção, com um Q de novas possibilidades.
Ah sim, agora TUDO é possível.


segunda-feira, 4 de junho de 2012

Trajetória


Não perca tempo assim contando história. Pra que forçar tanto a memória pra dizer que a triste hora do fiz se faz notória, e continuar a trajetória é retroceder. Não há no mundo lei que possa condenar alguém que a um outro alguém deixou de amar. Eu já me preparei, parei para pensar e vi que é bem melhor não perguntar. Por que é que tem que ser assim? Ninguém jamais pôde mudar. Recebe menos quem mais tem pra dar.
E agora queira dar licença que eu já vou. Deixa assim, por favor. Não ligue se acaso o meu pranto rolar, tudo bem? Me deseje só felicidade, vamos manter amizade. Mas não me queira só por pena... Nem me crie mais problemas.

Composição: Arlindo Cruz, Serginho Meriti, Franco.


domingo, 3 de junho de 2012

musica 2


Vá. Não fale mais. Leve o que é seu e só. Vá, que o sol já vem e com ele outro dia. Vá se descobrir. Vá crescer, entender e saber o que quer, quem você quer. Não me faça mais chorar como se eu fosse nada. Para o ego do meu bem, quantas você tem? Quantas você faz sofrer? Seduzindo o mundo, quantas ficam ao seu bel-prazer?
Cresça, me deixe em paz. Mesmo que eu sofra mais. Agora tudo é seu, amanhã serei bem mais feliz.

(Vanessa da Mata)

musica


Nosso sonho se perdeu no fio da vida... E eu vou embora sem mais feridas, sem despedidas. Eu quero ver o mar.
Se voltar desejos, ou se eles foram mesmo, lembre da nossa música. Se lembrar dos tempos, dos nossos momentos, lembre da nossa música.
Nossas juras de amor já desbotadas. Nossos beijos de outrora, foram guardados. Nosso mais belo plano, desperdiçado. Nossa graça e vontade, derretem na chuva.

(Vanessa da Mata)


coisas que perdemos no caminho...


Mas se você tivesse me deixado ficar, cara, eu te faria gente. Tem tanta coisa aqui fora que você ainda não conhece. E sei também que tem muitas coisas nesse seu mundo interno que não teve tempo de me mostrar. Mesmo eu sendo asfalto, grama, areia e mar, pelo amor que eu senti e talvez, infelizmente, ainda o sinta, gostaria sim de explorar essa sua caverna secreta. Queria que você tivesse me mostrado mais esses seres que habitam seu mundo. Aqui fora também é legal. Sentir o vento tocar o rosto faz curar doenças que você nem imagina. O sereno da noite, junto à luz do luar, traz sensações que nos fazem viver melhor, mais próximo de Deus, talvez. Tu não tens medado a oportunidade de contemplarmos juntos aquele por do sol que eu tanto te cobrei. A luz, a temperatura daquele lugar te faria uma pessoa mais feliz. Disse que tudo no universo tem um significado, e por mais que tenhas me levado no riso, saiba: tem mesmo. Deus usa de certos artifícios para nos mostrar respostas, nos curar, de modo mais simples, dores que carregamos ao longo de uma vida inteira. Mas você me pôs pra fora. Bateu bem com a porta no meu nariz. Machucou o meu rosto, não com dedos, mas com aquele olhar agressivo. Disse-me coisas que talvez me façam querer bater com a cabeça numa pedra e esquecer. Esquecer de tudo: do primeiro encontro, do amor que logo se formou, dos melhores beijos e sexo, das musicas: de você.

Dedo no gatilho.


Tenho agora vontade de fugir. Sabendo que minha missão não foi cumprida, como tantas outras missões na minha vida. Tendo a certeza que eu não tive tempo de fazer o meu melhor. É amargo o sabor da desilusão. É como se um sentimento tão raro e extinto no mundo que vivemos, o amor, estivesse sendo jogado fora num lixo qualquer, a sangue frio. Sem dó no olhar. Sem pensar. Sem olhar pra trás.


Morreu para quem? Para quem não o sente mais. Porque quando ele ainda se faz presente, mesmo que na saudade apenas, arde como brasa que queima nosso pé. Dói como a morte que nos leva um ente querido. Deixa a raiva de não ter falado coisas que se passaram na cabeça em tantos momentos de gloria. Talvez tenha morrido para o outro, e ele passe em frente às minhas coisas perdidas pela casa, e não sinta lembranças. Mas para mim, ainda arde, ainda dói, ainda traz raiva. Pois tudo agora está amargo, sem sabor, sem cores, sem esperanças. Quem sabe amanhã, eu possa olhar pro céu e ver que pra mim, esse nó que deu meu coração tenha se desfeito. Será uma sorte, ou uma virtude. Espero. Porque agora, o meu pensamento é outro...

image

quinta-feira, 31 de maio de 2012

:)


"E então eu rezo por você.  Rezo todas as noites e peço para ver felicidade no seu rosto, na sua aura, no seu olho, em qualquer parte de você.  Rezo para que você viva novamente aquela felicidade que um dia vi no teu sorriso (onde foi parar o teu sorriso?), senti na sua respiração.  Dói perceber o teu brilho apagado.  Faz tempo que não vejo vida em você.  Não importa com quem ou onde você está, meu maior desejo hoje é te ver feliz.  Por favor: seja"

(Autor Desconhecido)

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Clarice Lispector

Saudades


Sinto saudades de tudo que marcou a minha vida.
Quando vejo retratos, quando sinto cheiros,
quando escuto uma voz, quando me lembro do passado,
eu sinto saudades...

Sinto saudades de amigos que nunca mais vi,
de pessoas com quem não mais falei ou cruzei...

Sinto saudades da minha infância (...)

Sinto saudades do presente,
que não aproveitei de todo,
lembrando do passado
e apostando no futuro...

Sinto saudades do futuro,
que se idealizado,
provavelmente não será do jeito que eu penso que vai ser...

Sinto saudades de quem me deixou e de quem eu deixei!
De quem disse que viria
e nem apareceu;
de quem apareceu correndo,
sem me conhecer direito,
de quem nunca vou ter a oportunidade de conhecer.

Sinto saudades dos que se foram e de quem não me despedi direito!

Daqueles que não tiveram
como me dizer adeus;
de gente que passou na calçada contrária da minha vida
e que só enxerguei de vislumbre!

Sinto saudades de coisas que tive
e de outras que não tive
mas quis muito ter!

Sinto saudades de coisas
que nem sei se existiram.

Sinto saudades de coisas sérias,
de coisas hilariantes,
de casos, de experiências...

Sinto saudades do cachorrinho que eu tive um dia
e que me amava fielmente, como só os cães são capazes de fazer!

Sinto saudades dos livros que li e que me fizeram viajar!

Sinto saudades dos discos que ouvi e que me fizeram sonhar,

Sinto saudades das coisas que vivi
e das que deixei passar,
sem curtir na totalidade.

Quantas vezes tenho vontade de encontrar não sei o que...
não sei onde...
para resgatar alguma coisa que nem sei o que é e nem onde perdi...

Vejo o mundo girando e penso que poderia estar sentindo saudades
Em japonês, em russo,
em italiano, em inglês...
mas que minha saudade,
por eu ter nascido no Brasil,
só fala português, embora, lá no fundo, possa ser poliglota.

Aliás, dizem que costuma-se usar sempre a língua pátria,
espontaneamente quando
estamos desesperados...
para contar dinheiro... fazer amor...
declarar sentimentos fortes...
seja lá em que lugar do mundo estejamos.

Eu acredito que um simples
"I miss you"
ou seja lá
como possamos traduzir saudade em outra língua,
nunca terá a mesma força e significado da nossa palavrinha.

Talvez não exprima corretamente
a imensa falta
que sentimos de coisas
ou pessoas queridas.

E é por isso que eu tenho mais saudades...
Porque encontrei uma palavra
para usar todas as vezes
em que sinto este aperto no peito,
meio nostálgico, meio gostoso,
mas que funciona melhor
do que um sinal vital
quando se quer falar de vida
e de sentimentos.

Ela é a prova inequívoca
de que somos sensíveis!
De que amamos muito
o que tivemos
e lamentamos as coisas boas
que perdemos ao longo da nossa existência...


Desabafos do diário da Anna - Ep. 2


Não tenho mais paciência pra papo furado e repetitivo de homem babaca que encontro em qualquer lugar desse mundo. Por que eles insistem em dizer coisas bonitinhas, superficiais, olhares óbvios que mostram que querem nos comer e que vai dizer qualquer coisa que queremos ouvir pra nos levar pra cama uma ou duas vezes?
Conheci hoje um carinha ridículo na academia. Veio logo perguntando há quanto tempo malho naquela academia. Perguntei o por quê ele queria saber, até onde eu sei, isso não era da conta dele... Daí, ele deu aquele sorriso safado de canto de boca e disse que ele malhava ali há cinco meses, e jamais esqueceria se tivesse me visto por ali antes. Aí eu fiz aquele risinho sem graça, e falei que realmente, entrei hoje na academia, mas como não sou muito geração saúde, já estava imaginando voltar e dar de cara com aquele bando de mulher fruta e homens bombados que não possuem nenhuma idéia genial na cabeça... Ele perguntou se aquilo era uma indireta. Respondi na lata que eu sou muito objetiva, e não gosto de papinho furado quando quero conhecer ou dispensar alguém. Levantei e saí sem olhar para trás. Espero não ter ferido muito o ego dele. Mas esse mereceu!
Vindo pra casa, dei de cara com um alternativo. Já sei que você vai dizer “Anna, de novo um doidinho na sua vida?” e eu vou te responder: ESPERO QUE SIM!
Sério, ele tava ouvindo musica, e eu também... Daí ele ficou me olhando muito, mas não com aquele olhar ‘vou te comer’... Olhou de um jeito curioso, como quem quisesse pedir uma informação. E não deu outra. Me parou pra perguntar as horas, me deu boa noite e me perguntou o que eu estava ouvindo. Eu fiz uma de ‘boa moça preocupada’ e respondi exatamente o que ele queria saber. Acelerei o passo pra ver se ele queria ainda alguma coisa, ou se tava achando que eu era fácil. Ele gritou “eii, qual o seu nome? Estamos indo paro o mesmo lado, posso te acompanhar?”. Se eu tenho 24 anos, e nada na minha cabeça, o que é que eu respondo pra esse broto? Disse que não, que não gosto de andar com estranhos. Aí ele me surpreendeu com a resposta na ponta da língua: - eu não sou estranho, sou seu vizinho há duas semanas, e eu te vejo molhando as plantas todos os dias, e achei bonitinho você tomando chocolate quente na varanda de moletom, enquanto chovia. PARA TUDO. Onde é que eu estava com o pensamento que não vi esse bofe me observando? Fiquei completamente desconsertada, ri pra disfarçar e pedi desculpas por ser tão distraída. E aceitei a carona até em casa, claro.
Chegando aqui, ele roubou uma flor da calçada da vizinha, e me deu um beijo na mão. Morri e ressuscitei na hora, e convidei para um dia, talvez, entrar e tomar um chá.
Posso falar? Não vejo a hora. 





terça-feira, 29 de maio de 2012

Recadinho de geladeira das meninas...


*

Gato, eu acabei de passar o batom, então, se quiser me beijar... ou me dê um selinho que não tire nem um pouquinho, ou acabe com raça dele! (TODAS)


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Quando eu acordo, a minha barriga fica linda, quase uma Gisele. Já quando eu vou dormir, ela está tão zangada comigo, que me deixa assim meio Adele... (G)


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Academia é um saco. Nela, a gente acha de tudo. Quando eu estou com auto-estima lá em cima, e vejo que tem alguma mulherzinha olhando demais pro meu bumbum, mentalmente eu digo -Me benza, Senhor. Mas quando estou naqueles dias de guerra com o espelho, e uma delas me olham, logo clamo: –Senhor, que elas não vejam as minhas celulites! (Manu)

 

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Nada como umas roupinhas novas no guarda-roupa, e um bom motivo para inaugurá-las! (Manu)


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Aquele shortinho, com aquele saltinho básico, que super valoriza meu quadríceps... (Rai)

 

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E então ele me atirou do maior abismo que encontrou pela frente, e me deixou em queda livre sozinha. Pois caí e me ralei por inteira. Dias e até meses de recuperação. Não posso me deixar abater para sempre. Um dia eu volto, escalando esse mesmo abismo. E talvez, nem ele me reconhecerá. (Mari)


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E mais uma vez eu caí. Mais uma vez vou chorar no colo dela. E mais uma vez juro que não quero mais nada com o amor... e mais uma vez eu sei que vou me apaixonar e jurar que nunca amei tanto em vida! (Mari)

 

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Talvez essa minha regressão à uma etapa mal vivida da minha vida, veio agora pra me fazer viver algo que eu nunca vivi... Talvez um sentimento. (Ma Ine)


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Me belisca se eu cair no papinho barato da paixão outra vez. (Mari)


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Aquela sensação de estar pagando coisas na fatura do cartão, que você nem lembra mais o que comprou... (Manu)


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Saia rodada, amigos, boemia, samba e feijão: que segunda-feira vá parar no Afeganistão! (Ma Ine)


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Quando meus olhos vêem algo, costumam mandar as informações para o idiota do coração. Minha cabeça está de férias há algum tempo. Preciso dar um jeito nisso e colocar essa porra pra funcionar direito. (Nessa)


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Ta bom! Um bonitinho, com roupinha que a mamãe passou e barba feita pode até ser legal para algumas meninas. Mas não posso negar que eu curto um doidinho, com barba por fazer e moletom machucado com cheirinho de cobertor! (Rai)


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But right now I wish you were here...


Trocaria toda a eternidade de uma possível vida feliz, pra voltar aos nossos dias de gloria. Dias que não existiam nada além de nós dois e quatro paredes. Dias que ficávamos conversando, namorando, brigando, pirraçando, rindo, chorando (...). Dias que só bastavam nós dois. Momentos que ficaram marcados de modo tão anormal, que hoje as lembranças parecem me matar a cada minuto que passa. Só eu sei a agonia, a tortura que meu coração está fazendo comigo por eu ter me deixado levar pela intensidade daquele sentimento. E cada hora que passa, a dor parece tomar proporções gigantescas. Dor física e mental. Incapacidade de mover uma agulha do lugar. Falta de ar. Dor no estômago e falta de fome. Se o começo foi tudo tão verdadeiro e bonito, porque agora é essa desgraça?



Damn! damn! damn!
What I'd do to have you
Here, here, here
I wish you were here.






Sinto cheiro de...




Meu faro é foda. Desde que nos amamos tanto, se eu sentir o teu cheiro por aí, me desconserta o juízo. É como uma droga num lugar proibido: estraga tudo. Pois eu sigo o teu aroma feito uma caçadora, pronta pra te achar e te comer. Lamber os beiços e ainda querer mais!



 

Aquilo que dá e não passa.


Eu sinto mesmo a sua falta. Procuro a sua calmaria por aí, e não a encontro mais. Busco ver esse sorriso sincero em lábios de quem não o possui. Nossas conversas? Nem me fale. Aquela tua imensa capacidade de me ouvir e interagir com os meus devaneios, ou pelo menos, fingia muito bem. De deitar nas tuas pernas, enquanto tu mexias nos meus cabelos, e as lágrimas desciam num desabafo tolo, daquelas coisas chatas que me aconteciam ao longo do dia, ao longo da vida.
Cada gota do nosso tedioso domingo - Sim, eu também sinto falta. Tua mania de futebol, que antes me matava, hoje é pura nostalgia. Barulho ao descer as escadas, ao abrir e fechar gavetas e ao bater a porta... Porque ninguém é mais tão infernal assim?
Pode ser cafona a tal saudade de coisas mais comuns. Mas elas são tão intensas, quanto às mais ardentes vontades de voltar àqueles dias de chuva, em que você chegava completamente molhado no meu apartamento. De fundo, apenas o tom cinza do anoitecer, e aquela televisão que ficava ligada enquanto eu passava o teu café. E me jogavas contra a parede, me roubando beijos mordidos, mãos desconsertadas levantando o meu vestido e apertando minhas carnes... Molhava-me de chuva e prazer, e o café forte e quente vinha depois do cansaço.
Olhares perdidos, quando víamos que estávamos a sós nos ambientes mais inusitados. Posso jurar que o meu olho já se comunicou com o teu, sem que usássemos a nossa voz. Eles diziam para eu ir na frente, ou qualquer comando de fuga. Olhinhos dengosos, que queriam ser mimados sem fim. Olhar de ira, quando o ciúme cismava em quase te cegar. Olhar de fome, quando eu usava aquele pretinho básico. Olhar de fera, como aquele dia que chegamos bêbados daquela festa, e você me rasgou inteira antes de chegarmos ao quinto andar. Se as paredes daquele elevador falassem...
Sinto muito, muito a sua falta. Queria agora, por exemplo, te seqüestrar. Te levar pra um lugar longe da nossa  vida real. Um lugar de nós dois. Talvez, eu até já tenha passado por lá e pensado “queria te mostrar isso”. Aquela nossa velha mania de querer descobrir o mundo juntos. De sentir felicidade quando os nossos olhos olhavam ao mesmo tempo o que era mais belo no ambiente. O encanto que era nossos sorrisos, quando víamos a natureza e sua perfeição divina. Nossos risos frouxos, que significavam exatamente a mesma coisa.
“Já viu a lua?” quantas vezes já nos ligamos, tão somente para perguntar se o outro já havia olhado para o céu aquela noite? Várias vezes. E até hoje, eu olho pra cima na hora azul marinho, procuro Ela e Elas... Lembro do nosso céu de Santo Amaro, e me emociono, por pelo menos ainda isso conseguirmos fazer juntos: olhar a mesma coisa, no mesmo instante. Eu olho, e penso:
- Que você esteja feliz e sorrindo, ao ver que essa lua e essas três estrelas ainda brilham por nós dois.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Desabafos do diário da Anna – ep. 1



Hoje eu acordei um pouco mais cedo que o normal, tive um sonho estranho. Antes de abrir os olhos, procurei você ao meu lado, com o meu braço, e vi que já tinhas se levantado. Enfim despertei de vez, e percebi que ainda não estava na hora, mas como já estava sem sono, levantei. Fui até a cozinha beber água e preparar o nosso café, e encontrei em cima da mesa, o bilhete que você deixou antes de partir. Dizendo basicamente que o erro não estava em mim; que você é mesmo um louco de me deixar sozinha, e que provavelmente irá se arrepender muito de estar abrindo mão de uma mulher, como eu, pra viver uma aventura mundo a fora.
Respirei fundo como se o que estava acontecendo comigo, naquele instante, fosse uma pegadinha. Com o bilhete na mão, saí procurando você pela casa. As lágrimas começaram a querer saltar dos meus olhos, e o coração batendo a 200 por hora. Não tinha mais nada teu pela casa: nem roupa, sapato, cigarros, violão – Nada. Fez questão de ir embora enquanto eu adormecia, pois sabias que o meu sono é pesado, e nem uma bomba atômica me acordaria.
Sentei, ainda de camisola, na varanda. Olhei em volta, as plantas, gatos, cachorros, pássaros, flores e o pé de goiaba ainda estavam ao redor da casa. Só faltava você. De modo que ficou tudo vazio, sem sentido, sem vida, sem você. Respirei por cinco minutos aquele ar que me faltava. Pensamentos eram tantos, que não consigo saber o que se foi pensado naqueles instantes de desespero. Um dia, você mesmo me fez prometer que eu jamais iria te abandonar, independente de qualquer situação. Me fez olhar em seus olhos e jurar o meu amor e companhia até ficarmos velhinhos e partir desta pra melhor. Por que estou pensando nisso agora? Será que é verdade o que dizem, que no fim, sempre voltamos os pensamentos para o começo? Juro que quis voltar pra cama, dormir, acordar e perceber que tudo não estava passando de um sonho tolo. Mas não era.
Voltei a ler o bilhete. 

Ana, perdoe a minha falta de maturidade. Sair assim sem te explicar, sem te dar um abraço... Não acredite que estou fazendo isso tranquilamente. Na verdade, eu estou desesperado. Crise existencial. Nostalgia. Não sei. Jamais vou encontrar na vida uma mulher tão fantástica como você, e provavelmente, irei me arrepender assim que pegar estrada. Terei que ser forte. Há um mês venho pensado muito em mim. Mais em mim, do que na gente junto. E vi que estamos novos demais, eu com 25 e você com 24. Não devemos nos apegar tanto agora, já que o mundo é grande e há tanta coisa lá fora que ainda não conhecemos. Vamos viver. Vamos ser feliz. Eu te desejo muita sorte e felicidade. Você merece, linda. Te amo, nunca duvide disso. Um abraço. Jorge.

Aquelas palavras não desciam na minha garganta. Dava vontade de vomitar a cada ponto, em  cada verso escrito de qualquer jeito, naquele papel sem importância. Que história é essa agora de mulher fantástica? Premio de consolação? Ah! Faça-me o favor. Crise existencial? Eu sempre deixei muito claro que eu tenho bloqueios emocionais, traumas, crises de auto-estima... E você sempre me mandando relaxar, dizendo que isso é tudo uma questão psicológica, que não há motivos para crises... E agora você me vem com esse papinho de “ser ou não ser”? Sinceramente, não sei se choro com saudade de você, ou se saio gritando de raiva, por ter me deixado amar uma pessoa tão babaca e medíocre. Banho!
Eu realmente não consigo pensar em nada. Nem definir o que estou sentindo agora. Tem 43 minutos que descobri que o grande amor da minha vida era, na verdade, uma ilusão daquelas! Tenho que me arrumar pro trabalho, mas como vou dar aulas, com a cabeça cheia de minhocas? Preciso de um direito de resposta. Tenho que olhar em seus olhos e ouvir você dizendo que está em crise, pra eu poder dar um soco na sua cara e mandar você pra puta que o pariu, pois esse é o grande mundo que te cabe.
E o pior é que graças ao nosso relacionamento, não tenho mais meus fieis amigos. Eu seria muito cara de pau, se os procurasse agora, dizendo que estou sofrendo por causa do seu abandono. Abandono. Jamais vou digerir essa história. E como vou conseguir me relacionar novamente, com esse trauma de acordar e não estar mais do lado da pessoa com quem dormi? Sono pesado - será difícil adormecer.
Tive uma idéia, vou escrever um email, falando tudo o que penso sobre essa sua fuga ridícula, pra daí então, eu voltar a minha rotina normal.

Caro Jorge; de fato foi uma cagada essa sua idéia de me abandonar sem sequer conversar comigo sobre os motivos e a verdade. Não me sinto nova aos 24 anos, já você, com seus 25, não bastou ter essa quantidade de anos em vida, pois está agindo como um adolescente de 15. Pois bem, não quero comentar mais sobre suas desculpas esfarrapadas. Só quero deixar algumas coisas bem claras por aqui. Seguinte, você não vai mesmo encontrar uma mulher como eu. Inteligência, educação, maturidade e beleza, num só corpo, são raros de se encontrar. Limpe a sua boca e a sua mente para falar do amor. Você não me ama, pois é incapaz de amar a si mesmo. Não há como sentir o amor por alguém, se ele não existe em você. Guarde suas palavras de bons votos para qualquer outra perna magra que aparecer em sua vida. Não pense você que eu não reparei o quanto estava estranho nesses últimos dias, e se fosse qualquer outra mulher, te enxeria de perguntas sufocantes até te forçar falar o que você estava pensando ou sentindo. Não quis ser inconveniente. Mande pelo correio a minha coleção de Rita Lee e Elis Regina, minha camisa dos rolling Stones e minha cueca rosa da Calvin Klein. Não desejo que você seja feliz, sorry. Espero apenas que você aproveite esse mundo grande lá fora, para viver e aprender bastante com as burradas que faz. Saiba que eu não estou bem, mas também não sinto a mínima falta de você. O fato de ter sido enganada é que está me matando. Passar bem. Anna! Com dois N’s.
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Uffffff... Agora: compras, bebidas, cigarros e musicas da Alcione, por favor!