terça-feira, 3 de julho de 2012

Bilhetinho


Bom dia, querido!
Você chegou tão tarde ontem, que não deu tempo de te contar que vou viajar hoje, na verdade já estou saindo. Não é uma viagem planejada, mas acredito que vai ser inesquecível. Não sei, também, quando volto, nem se volto. Dependendo da minha paixão pela cidade que estou indo conhecer, ficarei por lá mesmo. Deixei seu café na mesa. Não coloquei sua roupa para lavar, nem paguei as suas contas, como me pediu, e agora você terá que fazer isso sozinho. É bem fácil, tenho certeza que vai aprender rapidinho. Se por acaso não aprender, na minha ausência, encontre outra pessoa que faça por você as coisas que eu fazia. Como você mesmo diz, qualquer um pode cuidar de você, não há nada de muito especial nas coisas que eu te faço com amor. Se um dia você sentir saudade, não pense duas vezes, pode me ligar a hora que quiser. Não garanto atender, mas vendo a chamada perdida, eu retornarei na hora que possível for. E nunca pense que estou partindo com rancor, jamais. Eu só fiquei aqui até hoje, por vontade própria. Você nunca me abrigou a ficar, pelo contrário, manteve a porta sempre bem aberta pra eu sair quando quisesse. Nunca fez questão de fato que eu permanecesse aqui. Em momento algum deixou em evidencia a necessidade da minha presença, e somente ontem eu percebi isso. Por isso, também, a decisão foi em cima da hora de ir embora. Vou ficar te devendo um abraço de despedida. Quem sabe um dia? Se cuida, João, pois não mais estarei pra te cuidar.




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