quarta-feira, 6 de junho de 2012

Desabafos do diário da Anna ep. 4


Preciso escrever tudo o que aconteceu antes que eu apague e durma feita a bela adormecida. Tomei muito vinho, e talvez esqueça a seqüência real dos fatos. Mas vou tentar escrever minuciosamente o que eu vivi hoje com aquele Deus grego.
O broto chegou de moletom. Já começa acabando com a minha raça a partir daí. Quando eu abracei, senti que ele estava usando perfume cítrico. Quase tiro a minha roupa ali mesmo, mas não quis fazer a linha ‘quero te dar’. Então só fiz aquela cara de ‘u-au’, e entrei, mostrando os cômodos da casa, onde ele poderia se espalhar e ficar a vontade. Tirou as sandálias – de couro – e disse que a minha casa é uma graça, que se sente bem ali, pois tem uma energia muito boa. Enquanto ele falava, eu só conseguia pensar no perfume e nos pés, lindos, descalços.
Ele continuou conversando, mas eu de fato estava muito distraída, então interrompi, perguntando sobre as musicas e tal. Pediu uma taça de vinho, acendeu um cigarro, abriu a mochila e começou a tirar milhares de cd’s, espalhando tudo pelo sofá pra finalmente encontrar a playlist que ele tinha preparado para aquela noite. Entreguei a taça dele, e me apoiei no balcão que separa a cozinha da sala. Ele sentou em um dos bancos que ficam neste balcão, e ficamos conversando por horas sobre cinema, poesia, filosofia, família, grana, amigos, relacionamentos antigos, livros, voltamos aos poemas, e depois ele fez um gesto com a mão, como se eu estive com um pouco de vinho queixo. Tomou o meu rosto, delicadamente com seus dedos, aproximou os olhos dos meus, e olhou fixamente para os meus lábios. Eu larguei a taça no balcão, e o beijei.
Nos beijamos por longos minutos, mas parecia que o desejo só crescia de beijar, beijar e beijar ainda mais... Como se o beijo tivesse se encaixando perfeitamente naquela primeira vez, e desde então, não conseguíamos mais largar um ao outro, pois na nossa mente, não poderíamos perder aquela magia física e química que nos envolvia numa batida perfeita. Até a musica entrou na hora exata, no momento do melhor beijo da minha vida.
Acordamos do beijo ao mesmo tempo, e nos olhamos assustados, sem entender o que aquilo significava. Ele saboreava os lábios como se estivessem doces. E eu não sabia se olhava em seus olhos, ou sua boca. Ele não me abraçou, que bom. Pelo contrário... Me levantou com facilidade pela cintura, e me colocou em cima do bendito balcão. Olhou novamente em meus olhos, e voltou a me beijar desesperadamente. Mas desta vez, eu não fiz o mesmo, eu fiquei de olhos abertos, olhando aquela cena... E ele não percebeu. Estava envolvido demais naquele lance doido, único. Fechei os olhos, e acompanhei o seu beijo, mas diminuindo o ritmo, pra não ficar mais confusa do que já estava.
O cd acabou, e ainda ficamos uns minutos, parados. Admirando o encanto que estava se fazendo notoriamente naquela noite. O relógio já marcava dez horas e dezesseis minutos, e eu tendo que acordar cedo no dia seguinte, não pude dar continuidade nesta noite linda e mágica.
A hora de ir embora foi diferente. Não conseguíamos falar nada um para o outro, apenas nos olhamos sem entender, e ele disse: - Posso vir aqui amanhã? Respondi na lata: VENHA!
Agora vou dormir, e espero sonhar com a continuidade daquele beijo.

 

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