Não tenho mais paciência pra papo furado e repetitivo de
homem babaca que encontro em qualquer lugar desse mundo. Por que eles insistem
em dizer coisas bonitinhas, superficiais, olhares óbvios que mostram que querem
nos comer e que vai dizer qualquer coisa que queremos ouvir pra nos levar pra
cama uma ou duas vezes?
Conheci hoje um carinha ridículo na academia. Veio logo
perguntando há quanto tempo malho naquela academia. Perguntei o por quê ele
queria saber, até onde eu sei, isso não era da conta dele... Daí, ele deu
aquele sorriso safado de canto de boca e disse que ele malhava ali há cinco
meses, e jamais esqueceria se tivesse me visto por ali antes. Aí eu fiz aquele
risinho sem graça, e falei que realmente, entrei hoje na academia, mas como não
sou muito geração saúde, já estava imaginando voltar e dar de cara com aquele
bando de mulher fruta e homens bombados que não possuem nenhuma idéia genial na
cabeça... Ele perguntou se aquilo era uma indireta. Respondi na lata que eu sou
muito objetiva, e não gosto de papinho furado quando quero conhecer ou
dispensar alguém. Levantei e saí sem olhar para trás. Espero não ter ferido
muito o ego dele. Mas esse mereceu!
Vindo pra casa, dei de cara com um alternativo. Já sei que
você vai dizer “Anna, de novo um doidinho na sua vida?” e eu vou te responder:
ESPERO QUE SIM!
Sério, ele tava ouvindo musica, e eu também... Daí ele ficou
me olhando muito, mas não com aquele olhar ‘vou te comer’... Olhou de um jeito
curioso, como quem quisesse pedir uma informação. E não deu outra. Me parou pra
perguntar as horas, me deu boa noite e me perguntou o que eu estava ouvindo. Eu
fiz uma de ‘boa moça preocupada’ e respondi exatamente o que ele queria saber.
Acelerei o passo pra ver se ele queria ainda alguma coisa, ou se tava achando que
eu era fácil. Ele gritou “eii, qual o seu nome? Estamos indo paro o mesmo lado,
posso te acompanhar?”. Se eu tenho 24 anos, e nada na minha cabeça, o que é que
eu respondo pra esse broto? Disse que não, que não gosto de andar com
estranhos. Aí ele me surpreendeu com a resposta na ponta da língua: - eu não
sou estranho, sou seu vizinho há duas semanas, e eu te vejo molhando as plantas
todos os dias, e achei bonitinho você tomando chocolate quente na varanda de
moletom, enquanto chovia. PARA TUDO. Onde é que eu estava com o pensamento que
não vi esse bofe me observando? Fiquei completamente desconsertada, ri pra
disfarçar e pedi desculpas por ser tão distraída. E aceitei a carona até em
casa, claro.
Chegando aqui, ele roubou uma flor da calçada da vizinha, e
me deu um beijo na mão. Morri e ressuscitei na hora, e convidei para um dia,
talvez, entrar e tomar um chá.
Posso falar? Não vejo a hora.
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