Certo dia, desabafei com uma amiga o quanto viajo nos meus pensamentos. Tive que fazer isso devido um notório momento de transição. Ela conversava alguma coisa comigo, e eu, do lado dela, nada ouvi. Foi então que ela me perguntou:
- O que tanto pensas?
No momento eu voltei para o mundo real e ri.
Acontece que antes de viajar profundamente, eu vejo uma cena e a modifico de forma cômica ou/e trágica, usando apenas meu pensamento. Isso seria legal, se não tivesse virado um vício, de modo que atrapalha muito minha concentração numa coisa que é de fato importante para minha vida, como minha formação acadêmica.
Uma vez, em uma aula de psicologia da educação, estávamos todos sentados muito à-vontade. Quando uma colega que tinha ido ao banheiro voltou para a sala, e pediu licença para um garoto que apoiava suas pernas numa outra cadeira. Ele disse pra ela:
- para passar aqui precisa falar a senha.
Eles riram e ele tirou a perna de maneira natural (Sem senha. Risos)
Na minha cabeça, eu achei que aquele momento precisava de todo um cenário, um figurino. Então os fiz desta maneira:
Num boteco, num Faroeste, onde cowboys são boêmios e paqueram donzelas vestidas com longos vestidos de renda e cetim.
Aquela noite, o boteco estava cheio, pois foi dia de festa na cidade, houve tiros e mortes. E todos estavam comemorando. Menos Douriety, que era a garçonete do estabelecimento, e já estava exausta de tantos comentários eróticos em relação as suas belas curvas.
Foi então que, ao passar do balcão para a arena de mesas repletas de homens barbudos e raparigas carentes, ela tropeça na perna de Frederico, o caminhoneiro matador, e ele, espalitando os dentes sujos, bebendo cerveja e com um sorriso cafajeste no canto da boca, diz:
- Douriety, sua rapariga sem coração, para passar por aqui, terás que me mostrar seus belos e fartos seios cor de jambo.
Ela, por sua vez, sempre muito bem preparada e valente, tira uma pistola da sua meia-liga, e diz:
- podrás ver mis pechos en el infierno, oh Federico.
E atira três vezes no desgraçado, que morre nos braços de outras sete mulheres mal amadas, que juram morte a corajosa garçonete.
E assim foi interrompido meu mais fértil pensamento. Ainda penso se acontecerá alguma cena, que eu modifique e a faça continuação da brava historia de Douriety.
Oh Frederico! haha adorei,vc e seus devaneios fora de hora...Muito bom.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirSe eu ouvisse alguém contar história semelhante com certeza sua imagem me viria a cabeça sem pestanejar! Acho que nunca conheci alguém que tivesse devaneios/visões/ilusões tão detalhadas e criativas... Só quem compartilha das tuas conversas é que sabe o quanto tu podes ser (im)previsível! Esse blog foi uma ideia fantástica! Eu fico ansioso pelas novidades e surpresas... ;) Te amo BEST.
ResponderExcluir"e com um sorriso cafajeste no canto da boca"
ResponderExcluirlembrei de mim
rs
kkkkkkk
ResponderExcluirMuuuito bom! Acho que esses devaneios são de família! rs
Post fantastico como seempre! =D
s2