domingo, 7 de novembro de 2010

Parte IV - ultima.

O coração disparou. Com a voz tremula ela perguntou:
- Quem é? – e o visitante não respondeu, apenas bateu novamente...
Então ela abriu a porta com os olhos fechados, e acompanhou com o olhar dos pés até a cabeça do suposto visitante. Droga! Era o tal poeta bêbado.
Sem paciência, ela perguntou o que ele queria e não convidou para entrar. Mesmo assim, o poeta a empurrou para o lado e entrou, e já foi logo tirando os sapatos. Ela se irritou, e perguntou o que queria, já que ela o dispensou. Ele, completamente pervertido por pensamentos eróticos em relação à Lisbela, disse:
- Minha jovem, eu sei o que fazes nessas noites de lua cheia, alias, em todas as luas. Para de esperar alguém que nunca chegará. Dê uma chance para a sua vida que está repleta de boas oportunidades. Se ele dizia te amar tanto, por que nunca voltou? Por que não te escreve? Por não manda um cartão de natal? Ele nem lembra que você existe, Lis.
Lis sentou-se no sofá de maneira despojada, respirou fundo, aliviando seus pensamentos pesados, olhou no fundo dos olhos verdes daquele homem bonito, e quando ia responder foi interrompida por ele, que disse:
- Me dê uma chance, só uma. Esta noite. Posso te fazer feliz hoje, e se você gostar, passarei a vir aqui toda quinta-feira, no final do seu show. Mas se você não gostar, mudar-me-ei para bem longe, França, Itália ou até mesmo para o inferno.
Lis riu. Andou pela casa com uma mão na cintura e a outra no queixo. Pensou. Pensou. E decidiu deixar o Poeta passar aquela noite com ela.
Durante a noite, eles beberam, dançaram, recitaram poesias, fumaram, quase transaram...e enfim adormeceram em um sono profundo com as pernas embaraçadas.
Subitamente, a porta da casa de Lisbela começou a ser espancada desesperadamente, assustando-os. Ela perguntou para Tom:
- Você é casado? – com cara de espanto.
- Claro que não! Eu vou ou você vai? Morrendo de medo, o covarde poeta.
- Você vai, né? Já pensou se for um ladrão? Vá, vá logo.
E o medroso Tom foi com as penas tremendo e com uma imensa colher de pau nas mãos. Abriu a porta devagar, e perguntou:
- Quem é você? O que você quer?
Mas o inconveniente visitante não quis conversa, foi logo empurrando a porta e perguntando por Lisbela:
- Cadê Ela?
- Arlindo? AAAAARRLLIINDDO?? Como assim? Onde você estava esse tempo todo?
- Ora Lisbela, mande esse cara ir embora, e vá tomar um banho.
- Eu não acredito que depois de tanto tempo você volta para me dar ordens! Saia da minha casa, seu grosso!
- Você quer mesmo que eu saia?
- Não! Fique! – Lisbela olhou para o Poeta, e docemente falou: - Por favor, Tom, saia daqui. Amanhã eu ligo para você e explico o que aconteceu.
O poeta ficou furioso. Pegou suas roupas esparramadas pela casa e saiu xingando Deus e o mundo.
Arlindo pediu novamente para Lisbela tomar um banho, afinal, ela estava suja de um suor masculino... E ela foi, com o coração na garganta, sem acreditar no que estava acontecendo. Se banhou, vestiu uma toalha, e sentou em frente ao desgraçado.
- eu começo, ou você começa? – perguntou Arlindo.
- Eu. Sabe quantas noites eu passei...
- Cala a boca, eu já sei de tudo:  sofrimento, mudança, novos hábitos... você quer mesmo falar isso pra mim?
Lisbela sentiu uma raiva tão intensa naquele momento, que a única reação que teve foi dar um belo de uma tapa na cara dele.
O silencio se fez por cinco minutos. Ele tocou em suas cochas. Ela se arrepiou. Ele olhou pra ela com desejo, e ela correspondeu. E assim começou uma intensa cena de paixão: aos murros e gemidos.
No inicio da manhã, durante um café preparado por Arlindo, Ela insiste na pergunta:
- Onde você estava, cretino?
- Ora, estava na minha casa, com os meus quatro filhos e minha dedicada esposa: Inaura.
- Então a historia que Margarete me contou era verdade. Seu miserável, asqueroso, verme...!
- Pare de ser dramática, Lisbela. Você não formou uma família porque não quis, nunca disse que você seria minha para sempre.
- Como ousas a falar isso? Eu dediquei minha vida inteira a você. Pra onde vais quando sair daqui?
- Voltarei para minha família.
- O que? Você ainda está casado? Que desgraça, Arlindo. Vou ser sua amante agora?
- Só se você quiser, querida...
- Onde você mora?
-Pra que você quer saber? Para fazer escândalos na minha porta?
- Até parece que você não me conhece. Odeio escândalos! Só quero saber para não...
- para não o que? Não vou mais ficar sem vir te ver, minha doce...
- Eu não quero ser sua amante, seu vagabundo.
- por que não?
Lisbela pensou, pensou... e chegou a conclusão que sua vida com Arlindo seria perfeita se fossem amantes, pois ela poderia continuar trabalhando, cantando, saindo com outros homens e ainda tendo a melhor parte do seu amor por perto sempre que quisesse.
- Tudo bem, seu ordinário. Serei sua amante... mas com algumas condições...
- qualquer uma, minha diva, sei que valerá por suas penas saborosas!
- Quero você presente todas as quintas, feriados, dia dos namorados e, claro, no meu aniversario.
Arlindo aceitou as condições de Lisbela. E hoje, são os amantes mais conhecidos da cidade de cabrobró. Os shows de Lisbela que eram feitos em um bar, hoje se faz num clube bem conceituado, e Arlindo é dono de um cassino que fica no clube – perfeito.
E assim continua a saga dos eternos amantes...
Aah sim, Inaura e os quatro filhos de Arlindo estão em casa, todos gordos e fúteis. E todo natal recebem a “Amiga” de Arlindo em sua casa com muita educação e ingenuidade. HAHA
Lisbela e Arlindo nunca foram tão felizes: dinheiro, sexo, amor e boemia. Brigas de vez em quando eram ótimas para esquentar a relação. Vá entender esse amor fugaz e “eterno”.

James Dean and Marilyn Monroe.

Sempre.


2 comentários:

  1. Aaaah mas esse Arlindooooo....!! ¬¬
    Pelo menos Lisbela ta feliz, é o que importa!
    haiuehuehua
    Amei o final! Arlindo merecia mais que um tapa, mas tudo bem.. =X haiuehua

    =***

    ResponderExcluir
  2. Lisbela mesmo sendo amante é a única mulher que Arlindo ama de verdade!

    Sempre imprevisível.

    ResponderExcluir