quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Cartas para quem?

Durante muitos anos, ou há muitos anos, pratico a arte de escrever cartas. Ora pra um amigo ou um familiar, ora para os amores e romances que cultivo. É bom desabafar com um papel, pois nele cabe tudo que está dentro de mim. Talvez se eu fosse falar, conversar, não falaria tudo que gostaria, ou falaria com um tom que ofendesse. Às vezes a interpretação da fala é mais confusa que a da escrita. Um olhar, uma negação, uma lembrança antiga que soltamos numa discussão, por vezes, fazem estragos em bonitas relações. Numa me esqueço da raiva que sinto quando alguém coloca numa conversa, uma situação antiga que já esqueci, e que ficou guardado na mente dele de forma negativa. E por que não falou antes? Pra que guardar palavras espinhosas dentro de si, com tanta amargura? Por isso, escrevo, falo, brigo, solto os meus cachorros todos no momento da raiva. Penso e defendo a seguinte tese: não guarde veneno dentro de si, pois vira câncer. Continuarei guardando os bolos de cartas que escrevo e não entrego, não por timidez, é que existem certos momentos em que descobrimos que uma pessoa simplesmente não merece saber que nos importamos ou nos magoamos naquele momento, merecem apenas a futura ignorância que partiu daquele ato de egoísmo ou maldade que ele mesmo provocou. E sigo a vida com as minhas cartas, com minhas palavras que saíram num momento de lágrima, e que hoje me traz riso. As palavras ficaram, quem não está mais são suas personagens.

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