quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Série

Depoimentos de Garotas de Programa de diferentes classes sociais & culturais.

Tema: Minha vida não é uma gozação.

Episódio 4- Ludimila, 25 anos – Mãe.

Meu nome é Ludimila, mais conhecida como Alessandra. Moro em Porto Seguro.
Iniciei minha carreira aos 18 anos, quando terminei os estudos. Nunca fui muito estudiosa, mas minha mãe sempre pagou escolas caras para mim. Todas as minhas amigas eram patricinhas, e eu sempre tentei acompanhá-las, mas minha família nunca foi rica: minha mãe professora e meu pai comerciante. Por isso nem sempre podia desfrutar de festas caras, roupas de marcas, perfumes, carros, etc.
Quando terminei o terceiro ano do ensino médio, minha mãe me obrigou a fazer vestibular, mas eu não queria estudar, tinha muita preguiça. Foi aí que tive a idéia de fazer faculdade fora. Tentei passar no vestibular, mas não consegui. Então menti pra minha mãe dizendo que tinha passado, ela ficou feliz e me apoiou quando eu fui morar em Feria de Santana para “estudar”. Me mandava dinheiro, roupas e alimentação. Após um ano ela descobriu que não havia passado no vestibular, e me abandonou de vez.
Como eu já tinha umas amigas por lá, eu comecei a me informar como eu poderia me sustentar da maneira mais prática. Prostituição. Comecei em Feira, quando já estava manjada lá, fui pra salvador, Grávida. Deu para esconder a barriga durante sete meses, mas quando descobriram, não queriam mais me pagar – já fui abandonada num motel longe da cidade por isso. Liguei pra casa, implorei pra minha mãe me dar uma chance, mas meu pai queria me obrigar a abortar. Como minha mãe era muito religiosa, ela conseguiu convencê-lo que isso era um crime, e eu tive minha filha.
Quando Luíza, minha filha, completou um ano e quatro meses, meus pais me fizeram uma proposta: ou você arranja um emprego descente para sustentar a sua filha, ou você sai da nossa casa e deixa Luíza aqui com a gente.
Saí na manhã seguinte para procurar emprego, mas não levava jeito para nada, pois nunca trabalhei pra ninguém, todos os trabalhos exigiam experiência, ou pagavam muito pouco. Eu estava acostumada a tirar duzentos por noite, não queria trabalhar pesado para ganhar salário.
Deixei minha filha com meus pais e vim fazer vida aqui em Porto Seguro. Todo mês mando dinheiro para Luíza e minha mãe. Pago escola, plano de saúde, transporte, alimentação, lazer – tudo para minha filha. E aqui tenho vida de dondoca: carro, casa, celular arretado, roupas caras: um sonho realizado.
Sempre volto pra casa no aniversário da minha filha, no são João e no natal. Porque aqui em Porto, sempre é alta temporada, não posso deixar meus clientes NA MÃO. Risos.

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