sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Série

Depoimentos de Garotas de Programa de diferentes classes sociais & culturais.

Tema: Minha vida não é uma gozação.

Episódio 6-Daphné, 30 anos – Puta Francesa.

Quando eu vim morar aqui na França, muito me questionei sobre um pseudônimo, afinal, meu nome já é francês e perfeito para minha profissão. Mas como todas nós, putas, gostamos de usar falsos nomes para nossa própria segurança, eu resolvi que meu codinome seria D’janne. E desde que iniciei minha carreira, sou conhecida assim pelos belos homens carentes de Paris.
Sim, eu vim para França ciente que iria me prostituir, pois aqui nós somos muito valorizadas e bem pagas. Não nos apontam nas ruas com falsos olhares, nem somos tratadas com indiferença nos salões de beleza e principalmente, não somos espancadas nos pontos de ônibus pelos riquinhos da cidade. Todos aqui são muito educados e respeitosos.
Moro aqui há onze anos, e desde adolescente já sonhava com isso. Sempre gostei de sexo. Aos quatorze anos perdi minha virgindade com um namoradinho brasileiro, dois bobos, e ele mais ainda. Quando descobri a relação sexual, o prazer e a volúpia, me perdi em sonhos eróticos e desejei fazer isso sempre. Pesquisei muito a respeito da minha profissão, e o lugar que eu vi mais felicidade profissional foi aqui em Paris.
Minha mãe não aceita, claro. Mas sabe usar com sabedoria o dinheiro que mandando mensalmente. Não entende que as putas daqui da França são bem diferentes das putas brasileiras. Se iniciasse minha carreira aí, eu já teria sido espancada, obrigada a fazer coisas que aqui não faço, drogas, caráter – tudo já teriam arrancado do meu instrumento de trabalho, minha vagina. Aqui não. Além de nos pagarem bem, os Franceses são extremamente carinhosos, muitos já até se apaixonaram por mim.
Aqui eu danço, atendo no meu apartamento, acompanho em festas e até faço a namorada do gay, saio com lésbicas também, mas só de alto nível.
Aqui eu posso ser tudo o que eu quero, posso comprar tudo que desejo, raramente me apaixono, viajo muito, sou saudável, bebo bebidas caras e freqüento os melhores salões. Fiz minha fama aqui, e sou absolutamente realizada com a minha profissão. Já no Brasil, o máximo que uma puta pode alcançar é um filme pornô com o Frota.
Bom, obrigada pela oportunidade e interesse na minha vida profissional. Espero não ter animado garotas para vir fazer vida aqui na França, pois eu tenho o dom, e nem todas deram certo aqui, e ainda depois de muito lavar prato na casa dos outros, voltaram para o Brasil com a mão na frente e outra atrás.

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