quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Junho (1)

"Bwana Bwana
Me chama que eu vou
Sou tua mulher robô
Teleguiada pela paixonite...
Que não tem cura
Que não tem culpa
Pela volúpia
Volúpia!..."  (Rita Lee)


***
Meu nome é Roberta. Eu moro sozinha com dois gatos, o Bob e o Jimmy, tenho uma vida tranqüila. Não gosto de badalações, de porres, de amigos sem noção nem de muita visita em casa. Detesto ser acordada antes da hora e vou visitar os meus pais de caju em caju. Sou uma mulher estranha para todos e principalmente para a vizinhança.
Certo dia fui comprar pão, como costumo fazer todos os dias às 06:00. Só que, desta vez, numa quarta feira de um junho comum, eu senti a incômoda sensação de estar sendo seguida. Não sou muito de confiar na minha intuição, então parei, olhei... olhei novamente e segui. Comprei o pão, o leite, cigarros, balas e umas misturas para ração de gato.
Voltei para casa ainda com aquela irritante sensação de estar sendo seguida. Que coisa mais desagradável, viu? Voltei fumando um cigarro e fazendo planos para o final se semana... quem sabe um clube? Chegando na calçada de casa, fiquei procurando as chaves dentro da bolsa, quando vi uma sombra de uma pessoas que provavelmente estava atrás de mim. Gritei. Gritei mesmo, gritei alto. Aí a criatura continuou atrás de mim, apenas segurou o meu braço. Soltei as os pães, o leite e tudo que tinha comprado no chão e virei batendo no homem que resolveu tirar a noite pra me assustar. E quando eu olhei nos seus olhos, reconheci a cor castanha que por anos me olhou de um jeito único, que eu jamais esqueci.
Era o safado do meu ex-namorado. Que raiva que me deu! Perguntei logo “- O que é que você está fazendo aqui? Eu não pedi pra você me esquecer?” E ele simplesmente respondeu “-Posso entrar?” eu posso com isso? Sim! Sim! Sim! Entre, meu bem... (claro que eu não falei assim, mas pensei - o que é pior). Porra! Eu estou carente há dois anos, não vejo um pênis há um ano e sete meses. Deixei entrar na hora! Se ele me decepcionar mais uma vez, será apenas mais uma vez.


(continua...)

Nenhum comentário:

Postar um comentário